Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dele, E vendo-o sempre de maneiras diferentes do que o encontro a ele. Faço pensamentos com a recordação do que ele é quando me fala, E em cada pensamento ele varia de acordo com a sua semelhança. Amar é pensar. E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nele. Não sei bem o que quero, mesmo dele, e eu não penso senão nele. Tenho uma grande distracção animada. Quando desejo encontrá-lo Quase que prefiro não o encontrar, Para não ter que o deixar depois. Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só pensar nele. Não peço nada a ninguém, nem a ele, senão pensar.
Adaptado de Alberto Caeiro.