domingo, janeiro 10, 2010

Leva-lhe o meu amor…


Varri as cinzas, recolhi folhas secas que coloquei debaixo de um troço grande, carreguei com lenha miúda e deixei arder.
Às vezes vem o vento, sopra e leva-me o calor da alma, desanimo. Mas logo carrego com mais lenha. Com o calor aguento…o frio é que nem vê-lo.
Por falar em chamas, há lenhas que ardem bem e dão um bom fogo. Aquela que tinha ardia bem mas era só fogo de vista. A mulher é como o fogo, tem de ser “bem tratada e bem alimentada” senão apaga-se. E eu volta e meia sou deixada no escuro e quase me apago. Mas o carvão é o melhor combustível para reacender…é só preciso dar um jeitinho que logo é fogo que arde sem se ver.
Escrevi uma carta a não sei quem mas com um discurso directo e terno, com promessas de um grande amor e muita lealdade. Deitei-a ao lume da minha alma e deixei que o vento levasse as cinzas.
Leva-lhe o meu amor mais sincero, que venha no vento.
Amanhã vou varrer as cinzas, recolher folhas secas e coloca-las debaixo de um troço grande, carregar com lenha miúda e deixar arder. Um dia quando chegares vai estar quentinho.