Voltei para me ir embora!
Inoxcrom tornou se feliz, completa, era a mulher mais feliz do mundo.
Mas, entre o abismo e a extrema felicidade parece que era uma encenação.
Inoxcrom são apenas canetas.
Eu, inês sou uma mulher.
Então, preferia ter regredido e voltar aos dias deprimentes e sombrios como há um ano atrás, mas criou-se uma nova inês.
Eu, sem querer, sou um novo eu.
Voltei para ir embora!!
4 comentários:
Sê bemvida Inês...
Vai entrando... O mundo real espera-te.
Naquela tarde de Inverno o vento soprava forte por entre os troncos de árvores despidas das suas folhagens pelo Outono tardio. O bosque que antes parecera acolhedor e calmo aparenta agora ser inóspito e gélido, com tons de um verde negro e escorregadio, contrastando com a verdura fresca que na primavera anterior trouxe o êxtase ao olhar de quem por ali passava.
Por entre o zumbido da ventania, alguém caminhava pesarosamente, procurando encontrar naquele fim de tarde, respostas para as suas remoídas amarguras que ocorriam depois da constatação de algo, pouco imaginável, tão alto tinham sido as expectativas criadas.
Na esperança de se libertar daquele aperto de alma que a consumia, foi-se embrenhando cada vez mais no denso bosque, que com o aproximar da noite da imaginação, ia ficando cada vez mais escuro, envolto numa bruma de nevoeiro intenso que a não deixava enxergar para além da sua própria e arrastada figura.
Com aquele nó que lhe atava a garganta e a impedia de chorar a tristeza que lhe ia na alma, passo a passo foi-se imaginando um ser minúsculo ante o agigantar da sua amargura que a consumia qual blak hole, visto da entrada do velho bosque, esfumar-se no denso nevoeiro que se abatera sobre o parque, onde normalmente ouvira chilrear os passarinhos que por ali esvoaçavam.
A mágoa que lhe consumia a alma tornara-a já um ser unicelular, não a deixando enxergar um horizonte agora limitado à densa penumbra que a envolvia, viu-se rastejando na lama e tudo em seu redor era agora tristeza, desencanto, amargura e dor que lhe apertavam o peito e a não deixavam gritar bem alto a dor que lhe rasgava os sentimentos.
Naquele remoinho de pensamentos, sentia-se como que caída num abismo onde tudo em seu redor era escuro e inalcançável, como que perdida num labirinto de mil tristezas sombrias, trazidas na aragem daquele vento que lhe trespassava os pensamentos.
Chorando nas profundezas do bosque imenso, de repente reparou na pequena rã que coaxava mesmo na sua frente, como que perguntando qual a razão de tamanha amargura.
Imaginando-se minúscula e igualmente rastejando, procurou perceber no pequeno batráquio se este se sentia igualmente tão infeliz, condicionada que estava àquele lugre espaço, entre o charco de água esverdeada, repleto das folhas já decompostas que caíram no último Outono e as raízes bolorentas do velho salgueiro que pendia sobre o junco do sapal e que durante anos lhe afagou os frondosos ramos que lhe pendiam das pernadas do seu tronco.
Serás tu tão infeliz quanto eu me sinto?
Com o olhar terno e meigo o pequeno ser retorquiu, infeliz eu, porquê? Não vez quanta vida está em meu redor, quantas tarefas tenho para fazer para cuidar do meu futuro, já viste o meu amigo Pato Caracol que agita as águas do charco, criando mil sons que me animam o dia inteiro, vês ali o Melro Romeu que semeia o silvado que nos abriga.
Aqui somos felizes pesa embora o Fiel, o cão pernalta, que nos assusta de quando em vez, sempre que passa por estas bandas, ou dias menos bons quando o meu amigo Sapo Baltazar parte para outros sapais, não há motivo para sermos infelizes temos é que perceber o mundo que nos rodeia sem nos condicionarmos ao espaço que ocupamos ou querer-mos manter o espaço deixado pelo Baltazar. Na natureza tudo se recompõe.
E tu por que estás triste, já tentaste ver o mundo que te rodeia, quantos dos teus te querem bem e desejam que sejas feliz, já reparaste bem na cores reluzentes que cintilam à tua volta e da vida que rola normalmente, nas pessoas que atarefadamente cuidam do seu dia-a-dia?
Entre duas lágrimas a resposta preocupou a pequena rã “ a minha vida é an blak hole”.
Com um coaxar mais forte retorquiu, estás completamente enganada, vou pedir ao meu amigo salgueiro que te eleve nos seus musculados troncos e te mostre o que não queres ver e está ao teu redor.
As pernadas do velho salgueiro enlearam-se nos braços e elevaram-na acima do manto do nevoeiro da amargura que transportava e mostraram-lhe a realidade que não queria ver. O bosque visto de cima era de facto um lindo parque apesar do Inverno ser a estação do ano a decorrer, as crianças ofegantes corriam por cima da folhagem, as aves esvoaçavam ligeiras, o vendedor de castanhas apregoava o produto do seu labor e com um cachecol enrolado ao pescoço no portão daquele jardim entravam tantos jovens para desfrutar daquela bela tarde de Inverno.
Os olhos voltaram a brilhar resplandecendo a juventude que deve ser vivida, olhando para baixo, fez um sinal de agradecimento à pequena rã que coaxando saltou na água do velho lago para fruir o seu próprio mundo.
Suavemente ascendeu nos ramos imaginários ao seu dia-a-dia vendo com alegria e com forças retemperadas o ultrapassar dos desencantos, desilusões e contratempos, percebendo que a verdadeira felicidade é directamente proporcional na medida em que ela é uma mais valia para quem nos rodeia, não o sendo, aquilo que julgamos ser felicidade é apenas um auto engano que deve durar apenas o tempo necessário para o entendermos.
Por isso a nossa personagem voltará aquele parque quiçá talvez na próxima Primavera.
Quem sabe se o dono daquele cachecol não estará por lá, desta vez com um pullover à cintura, convidando-a para numa volta pelo parque, indo ao pé do velho salgueiro, ouvirem o coaxar das rãs, saudando a vinda de um novo Baltazar em busca de uns olhos castanhos, ternos e doces.
Antes de mais queria agradecer oultimo comentrio. è esclarecedor e exactamente o que eu mais preciso fazer. Só preciso de alguém que seja o meu bom salgueiro.
Quanto ao segundo, a intençao foi boa. Mas eu com muito orgulho sempe vivi na realidade, e nunca por nenhum momento estive cega. Mas como todo o ser humano eu errei, não ouvi...só queria ser ouvida. E como pessoa responsavel que sou, agora vou viver lado a lado com as consequencias, de cabeça erguida.
Morrer para renascer mais forte.
Nesta vida todos deviamos de tomar a iniciativa de "morrer", tal como tu, enquanto Inoxcrom, "morreste".
Porque muitos de nós vive, tal como tu viveste, num mundo que é só nosso e que, por isso, não é real.
Portanto, que morram todos aqueles que ainda não morreram e que precisam de renascer, pois se não o fizerem acabarão por morrer de vez... sem nunca terem renascido.
Peace Inês!
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