segunda-feira, fevereiro 18, 2008

O ultimo e derradeiro da sequência que não foi escrito por mim!!

"Um dia roubaram-me o coração.

Levaram-mo, arrancaram-no de mim. Esconderam-no num bosque amaldiçoado, um lugar onde o som do vento atravessava os ramos das árvores grandes e despidas de folhas causando a qualquer transeunte um abominável arrepio na espinha.
Esconderam-no naquele bosque sem cor, sem cheiros, vazio de vida. Questionei-me se teria eu coragem para entrar naquele bosque, caminhar sob aquela terra lamacenta, e conseguir o meu coração de volta, porque efectivamente ele era meu pertence.
Sentei-me numa pedra que ouviu calada o meu choro. Ouvi um som que me pareceu vindo dos arbustos verdes que se encontravam perto de mim, olhei por cima do meu ombro e vi uma Leoa. A Leoa olhou para mim com um olhar enternecido que me pareceu tão familiar.

Perguntou-me:
- Que fazes tu aqui?
- Procuro o meu coração, deixaram-no aqui e eu preciso dele.
- Eu entendo, todos os dias vejo pessoas entrar naquele bosque à procura do que lhes pertence.
- A sério? Eu tenho tanto medo...
- Sim... e não te vou mentir, vai ser difícil encontrar o teu coração. Vais passar por muitas coisas más dentro daquele bosque, mas conheço a tua força e perseverança. Irás encontrá-lo!
- Oh Leoa, mas eu tenho tanto medo... Não podes acompanhar-me?
- Não. Não posso, tens de ser tu a entrar no bosque e a encontrar aquilo que procuras, ninguém te poderá acompanhar ou fazê-lo por ti.
- Eu vou, eu tenho de ir. Leoa, diz-me uma última coisa, alguma vez te roubaram o coração e to esconderam além naquele bosque?
- Não querida, mas vão roubar-mo. Um dia serei eu que estarei no teu lugar, sentada em cima dessa pedra a banhá-la com as minhas lágrimas!
- E não tens medo?
- Tenho sim. Tenho muito medo, mas sei que o conseguirei se possuir a força de que há pouco te falei.
- Olha Leoa, no dia que te arrancarem o coração e o esconderem no horrendo bosque eu vou estar aqui. Dar-te-ei toda a força que necessitares e relembrar-te-ei o quão és especial.
- Obrigada, querida. Agora vai. Não percas tempo. Quero que encontres o teu coração!

Despedi-me da Leoa, respirei fundo e entrei no bosque. Olhei em meu redor e mirei aquelas árvores medonhas, despidas de tudo, despidas de nada.
Os meus pés caminharam pela terra lamacenta e senti-me como que a viajar. Momentaneamente na minha mente pairaram todo e qualquer tipo de emoções más que eu tinha sentido. Relembrei a pormenor todos os momentos de agonia profunda que havia sentido. Senti as minhas pernas trémulas, não consegui permanecer de pé e acabei por cair naquele chão lamacento.
Tinha de fazer algo, não conseguia suportar por muito mais tempo todos aqueles sentimentos. Cerrei os olhos, relembrei-me daquele olhar tão enternecido da Leoa, lembrei-me das suas últimas palavras antes de eu entrar naquele bosque: “Quero que encontres o teu coração!”. Lembrei-me de todos aqueles que me querem bem, que como a Leoa me querem com o meu coração de volta. Senti de novo as minhas forças. Tinha conseguido! Não morrera de dor como julgara.
Saí do bosque. A Leoa fitava-me com um olhar felicíssimo, disse-me depois que não foi necessário perguntar-me se conseguira o que procurava. Contou-me que os que não encontram o coração jamais sairão daquele bosque.

Obrigada à minha Leoa, minha melhor amiga!"

www.aluadepapelao.blogspot.com

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